segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

O SURTO DO CRACK NOS INTERIORES DO CEARÁ.
Uso do crack aumenta entre jovens do Interior.

As drogas, principalmente o crack, levam jovens à morte e famílias ao desespero em municípios do Interior.
Quixadá. O crescente uso de drogas não é mais exclusividade das metrópoles. O problema se expande sertão adentro. E o que é pior: O crack prolifera nas periferias de médias e pequenas cidades. Em forma de pó, o derivado da coca chega às classes média e alta sociedade. Enquanto desprezam os riscos, muitos se afundam na dependência. Essa realidade, triste e cruel, está se tornando rotina entre jovens no Interior do Ceará.Os reflexos dessa perversa chaga são vistos por todos os lugares. Na maioria das vezes terminam nas portas dos cemitérios ou das delegacias. Enquanto a morte não chega, mães desesperadas imploram pelo encarceramento dos próprios filhos. Os menores são encaminhados para abrigos correcionais. Os maiores vão para a cadeia. A única diferença é a idade. No mais, o perfil é praticamente o mesmo: Dependentes químicos, furtando na rua e dentro de casa. Para sustentar a obsessão compulsiva pela droga é preciso pagar. A “pedrinha” do crack custa só R$ 5,00. Para “provar o produto” sai de graça. Mas a aflição materna não tem preço.
A opinião do especialista
cmccordeiro@uol.com.brCARLOS MAGNO BARROSO
*Entender para agirO uso e dependência do crack e do álcool no Interior do Estado já está bastante difundido. É comum nos serviços de saúde a procura de ajuda, seja de familiares, ou dos próprios dependentes. Podemos identificar, sobretudo entre os usuários de crack, uma certa gradação quanto ao potencial de recuperação. Explico: há pacientes que conseguirão se abster da droga com certa facilidade com apoio psicológico e farmacológico, outros, com uma abordagem mais ampla, psico-fármaco-práxi-socioterápica e outros em que nossos esforços esbarram em repetidos fracassos.Mas cada caso deve ser visto de forma individualizada, que nenhuma atividade seja prescrita ao “grupo” de forma massificada. Quanto ao tratamento do alcoolismo, já podemos ver com mais facilidades estatísticas de recuperação com a intervenção farmacológica e psicoterápica breve.Este ano, o Instituto Episteme oferecerá um curso de capacitação sobre dependência química voltado para profissionais de Caps AD, Caps gerais e pessoas interessadas. Antes de agir, acreditamos que é necessário entender.*
Psiquiatra - diretor do Instituto Episteme

O QUE ELES PENSAM.
Assistência ao usuário deve ser prioridadeA ociosidade é a grande arma do traficante. No País, se o poder público não atentar para o grave problema a sociedade se tornará refém dos marginais. O Sul está numa guerra. É preciso agir, do contrário, em breve, as trincheiras dessa batalha se formarão dentro das casas dessa gente simples do Interior.Domingos Sávio PinheiroDelegado de PolíciaNão é fácil curar essa doença social. É prioritário aparelhar as instituições de segurança e desenvolver políticaspara assistência do usuário, bem como fazer a prevenção nas escolas. A família deve superar sua postura inerte diante do perigo. Os traficantes têm a favor o preço e o poder de vicio do crack.Nelson Gesteira MonteiroPromotor de JustiçaNos preocupamos com o desenvolvimento de atividades para os jovens. Ocupações saudáveis são boas opções para afastá-los das drogas. É preciso que o Estado também faça a sua parte. A repressão é um importante mecanismo contra o uso indiscriminado das drogas. O crack é uma epidemia.

Ilário Gonçalves Marques
Prefeito de Quixadá.

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